segunda-feira, 26 de abril de 2010
Diga X!!! (G1)
A fotografia, nos dias atuais, tornou-se um processo em rede. O procedimento que antes acabava na revelação, hoje, ganhou novas etapas. Ao invés das fotos serem arquivadas em um álbum no fundo de um armário, as pessoas estão tornando-as públicas por meio de serviços como Flicker, FaceBook , entre muitos outros. Essa tendência está modificando a forma com que lidamos com nossas memórias visuais. Existe agora uma extensão do ato de fotografar. Ele vem desde a preservação de um momento, até um atode telecomunicações com numerosas implicações sobre a forma como percebemos a realidade, como fazemos nossas memórias e como criamos uma narrativa em cima disso.
Toda imagem está ligada ao preciso momento do tempo quando ela foi tirada. Baseando-se nessa questão,que Sascha Pohflepp criou o projeto “Between Blinks & Buttons” como sendo sua tese de graduação emcomunicação visual na Berlin University of the Arts (UDK). Tendo em vista possibilitar o fotógrafo vero que acontece simultaneamente no mundo naquele instante da ação, a Buttons tem também como um de seus focos estimular a imaginação do usuário em cima do momento alheio, para criar uma narrativa que correentre a sua própria memória e o momento do outro indivíduo que coincidentemente tirou uma foto ao mesmo tempo.
Mas o que é a “Buttons”?
Buttons é uma câmera que tira fotos pertencentes a outras pessoas, levando a noção de “câmera em rede”ao extremo.
Como assim?
Sem partes ópticas, ao invés da Buttons capturar a imagem como as câmeras comuns, ela captura o tempo em que foi apertado o botão. Simultaneamente, ela acessa a web a procura de fotos que foram tiradas por alguém que apertou o botão ao mesmo tempo em que você apertou o seu. Essa ação cria um elo entre os dois indivíduos.
O que me interessou no projeto não foi exatamente o que ele é, mas o que ele pode se tornar. A idéia me pareceu muito interessante e rica, tendo potencial para ser um instrumento bastante utilizado por pessoas “conectadas”.
O fato é que sua concepção vai além de uma forma convencional de contato social pela web. Se formos olhar mais profundamente, com um olhar mais filosófico/psicológico, a câmera possibilita que é ousuário perceba que existe uma vida alheia a dele. (Calma! Defenderei meu ponto de vista!)
No contexto atual, as pessoas estão procurando cada vez mais uma interação virtual umas com as outras. Na internet, você está sempre interagindo com um número de pessoas que você provavelmente não conseguiria interagir no mundo “real”. Esse projeto segue esta filosofia de buscar compartilhar suas experiências com desconhecidos. É interessante perceber que existem coisas acontecendo além das que estamos vivenciando no momento. A tendência do ser humano é ser ego centrista, no sentido não pejorativo da palavra, mas sim no seu sentido literal, que seria o “eu” no centro. Não é a todo o momento que nos damos conta que existem outras pessoas no mundo trabalhando, indo ao banheiro entre milhares de outras possibilidades, enquanto você está realizando uma ação como almoçar. A Button possibilita uma verdadeira oportunidade de ir além da imaginação e ver o que outra pessoa vivenciou no momento em que você registrou algo que estava sendo vivido por você, o que promove uma sensação empírica de que mesmo as pessoas que não estão no nosso campo de presença estão vivendo suas vidas simultaneamente a sua.
Como funciona?
Para criar botões ligados em rede e recuperar as fotos de outros indivíduos, Buttons, consequentemente, utilizará a tecnologia que muitas câmeras usam, a de se fundir com um celular.
O próprio objeto é feito de acrílico cortado a laser. O botão foi pego de uma Agfamatic 901 e combinado com um botão eletrônico que fica por dentro. Este, por sua vez, é conectado a um SonyEricsson K750i que está executando um software personalizado escrito em Mobile Processing. Para obter outras fotos, o dispositivo se conecta à internet e contacta o servidor. Esse servidor personalizado PHP-script vai continuamente procurar no Flickr pelos momentos indicados, enquanto que Buttons regularmente pedirá por resultados. Assim queuma fotografia do momento for compartilhada na web, ela será transmitida e exibida na tela do dispositivo.
Mesmo considerando que a proposta do trabalho seja dar foco ao momento temporal em que se aperta o botão, acredito que mostrar outros dados na imagem seria bem interessante, ao passo que o que seria adicionado não faria com que o projeto perdesse seu objetivo inicial. Um exemplo de informação pertinente seria a localização da foto da pessoa desconhecida. Mostrar o estado/país faz com que o projeto adquira uma dimensão maior, e chegue com maior força o entendimento de que o usuário está ligado com outros do mundo inteiro, e não só da sua região.
Mudaria também a aparência da câmera. Provavelmente, a criadora teve a intenção de fazer referências às máquinas fotográficas antigas, porém acredito que ao dar uma postura “retrô” ao objeto, perde-se a oportunidade de passar um ar de algo extremamente novo, que possui potencial para introduzir novos hábitos. A meu ver, a aparência do trabalho não faz jus ao seu potencial inovador.
Outra questão, é que, passada as experiências iniciais, o produto pode se tornar menos interessante. Algo que iria trabalhar mais ainda a interação entre pessoas seria se a Buttons fosse capaz de tirarfotos, publicá-las automaticamente na web e simultaneamente “trocá-las” com outro usuário desconhecido, o que a atual faz. Entretanto, para isso ser feito com seu total aproveitamento seria necessário que um grande número de pessoas fosse adepto da câmera.
Por último, é preciso pensar no tipo de foto que o usuário da câmera pode se deparar. Não seria nem um pouco agradável se ao apertar um botão viesse um conteúdo inadequado, não me refiro nem a conteúdos pornográficos, pois estes são facilmente bloqueáveis, mas a fotos que causem repugnância, como imagens de animais mortos, lixo,
machucados sérios etc.
Se quiser saber mais, acesse o site: www.blinksandbuttons.net/index.html
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário